O longa-metragem em cartaz, Trama Internacional, do diretor Tom Tykwer, o mesmo de Perfume – A história de um assassino [2006], lançado na última semana é um misto de suspense, ação e investigação policial. A trama se dá a partir da investigação da Interpol para desvendar os negócios sujos realizados pelo banco de atuação mundial IBBC que financia a guerra no chamado terceiro mundo por meio de negociações em todo o globo. Na verdade, o banco sustenta essa guerra.
Protagonizado por Clive Owen [Louis Sallinger] de O Justiceiro 2, e Naomi Watts [Eleanor Whitman] de Violência Gratuita, ambos agentes da Interpol, os 118 minutos do filme são bem divididos entre investigação e diálogos, muitos diálogos para se chegar a um desfecho que para o cinema pouco importa, mas para uma comparação ao real fica perfeita.A busca de Sallinger por verdades que o levem a ter provas contra o IBBC está em suas mãos durante todo o desenrolar da trama, mas lhe escapa sempre que vai apresentá-las às autoridades competentes que possam resolver o caso. À medida que os agentes Sallinger e Watts buscam provas, eles se desgastam e vão encontrando por este caminho pantanoso vidas que vão se destruindo.
Trama Internacional trata-se de filme que relata o poder sem controles de bancos mundiais investidos de uma estrutura que lhes faz retirar de pessoas para somar seus lucros e de seus sócios. A única barreira que lhe impede é dizer que a eles que há barreiras: nada mais. Este, sem dúvida, é o que há de mais interessante no longa. O filme termina, pessoas são assassinadas, mas o mundo real não vê que o capitalismo fala mais alto do que a vida.
Trama Internacional é um filme bem feito com pouco dinheiro para os padrões de Hollywood. De acordo com a imprensa especializada em cinema, foram gastos U$ 50 milhões para a realização de gravações em Wolfsburg, Berlim e Potsdam, além de Istambul e Milão. As imagens se passam pelas ruas dessas cidades, salões, salas, prédios.
A atuação de Clive Owen foi merecida. Em Trama Internacional ele conseguiu fazer o papel de policial durão com pinta de rapaz tranquilo que sabe aonde quer chegar. A Watts, porém, acredito que lhe faltou mais malícia. Falta na personagem uma mulher mais dura de rosto trancado, para que dê combinação à dupla da trama.
Embora o filme seja organizado com um roteiro claro, interessante e que convida o cinéfilo a querer desvendar o clímax da história, Trama Internacional não tem muitas novidades em relação ao gênero, é mais um filme de investigação policial que faz refletir o poder exarcebado do capitalismo selvagem sem limites.
Fúlvio Costa, filme assistido na sessão das 12h10, sábado, 20 de junho de 2009
Site oficial: http://www.everybodypays.com
Em português: http://www.tramainternacional.com.br
às 14:54
Venceu o 11º Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) o documentário Corumbiara, de Vicent Carelli. O prêmio foi entregue neste sábado, 20, na Cidade de Goiás. O filme realça o massacre de um grupo de índios isolados na Gleba Corumbiara, em Rondônia, na década de 1980.
O massacre foi denunciado pelo indigenista Marcelo Santos. Foi por meio de Santos que Carelli soube do fato e decidiu transformá-lo em filme, quando coordenava o projeto Vídeos das Aldeias.
O cineasta filmou as evidências do crime, mas foi desacredito, e a história caiu no esquecimento. Em 1995, ele voltou à região e encontrou a aldeia abandonada e os índios isolados. Tudo registrado no documentário.
"Só o cinema poderia resgatar uma história como essa, um crime de genocídio que o país simplesmente ignorou. É uma história emblemática, uma face oculta da história do Brasil", desabafou Carelli ao receber o troféu Cora Coralina, mais uma premiação de R$ 50 mil.
"Uma mudança no mar” filme norte-americano, de Barbara Ettinger, venceu na categoria melhor longa-metragem. As imagens foram captadas em mares do mundo inteiro. O documentário mostra o fenômeno da acidificação dos oceanos, provocada pelo aquecimento global.
O curta-metragem Mar de dentro, de Paschoal Samora, emocionou a plateia e os jurados com histórias de pescadores e levou o prêmio de R$ 25 mil da categoria.
O documentário Kalunga, de Luiz Elias e Pedro Nabuco, que levou às telas a história do maior território quilombola do país, no norte de Goiás, ganhou o troféu do júri popular.
Veja a lista completa de vencedores do 11° Fica
Maior destaque do festival: Corumbiara, de Vincent Carelli, 2009;
Melhor longa metragem: Uma mudança no mar, de Barbara Ettinger, Estados Unidos, 2009;
Melhor curta metragem: Mar de dentro, de Paschoal Samora, Brasil, 2008;
Melhor média metragem: Arrakis, de Andrea di Nardo, Itália, 2008;
Melhor série televisiva: Por trás do mundo, de Jakob Gottschau, Dinamarca , 2008;
Prêmio especial do júri Kalunga, de Luiz Elias e Pedro Nabuco, Brasil, 2009
Troféu Imprensa: A árvore da música, de Otávio Juliano, Brasil, 2009;
Melhor produção goiana: Ressignificar, de Sara Vitória, Brasil, 2009 e A última mordida, de Ângelo Lima, Brasil, 2009;
Menções honrosas: Sem grandes problemas, de Yacine Sersar, França, 2008; Bode rei, cabra rainha, de Helena Tassara, Brasil, 2008; Morrendo em abundância, de Yorgos Avgeropoulos, Grécia, 2008.
Fonte: AE